Relatos de uma Careca...

03 dezembro 2016

Jaelma Izídio



Apresento à vocês a Careca nº 14, seu nome é Jaelma Izídio, com 25 anos, atualmente é modelo, mas diz já ter sido de tudo um pouco na vida. 



RELATO



 Autoestima bem resolvida nem sempre foi meu forte, eu tinha cabelos alisados até a cintura, acreditam??? 
Só para terem noção, sempre quis fazer viagens para o meio da mata, mas o que me estremecia de medo não eram os insetos e características do ambiente, e sim o fato de ficar sem o alisante pra retocar a raiz, rs... 
Um dia deu a louca e resolvi que queria deixar meu cabelo cacheado, aí então foi a primeira vez que cortei curto, 2 dedos da raiz. O tempo passou, eu platinei, e então comecei a perder a definição dos cachos por conta do OX, acabava dando forma de liso, então eu resolvi recomeçar. 





A intenção era deixar crescer na cor natural, porém, foi aí que me apaixonei pelo corte na máquina 0, raspei e de fato, mesmo sempre tendo usado cabelo curto, me choquei de início, e pensei "agora ferrou!" Mas aí fiz uma make e me redescobri, vi que mudar é ótimo e nessa minha mudança descobri minha melhor forma, percebi que beleza é muito além do exterior arrumado, maquiado e cheiroso, a verdadeira beleza é aquela que ninguém vê, a sua beleza é o que você é quando não tem ninguém por perto. É fácil ser careca? Não!
 _"Ah mas você tem rostinho bonito!" E daí, o mundo continua sendo mal e algumas pessoas também! 
Por isso você, SOMENTE você, pode determinar o tamanho e a existência da sua beleza, pois tem pessoas que as vezes acordam só para tentar destruir o sonho, o dia ou até mesmo o sorriso de alguém. 





Então se é isso que você quer, pesquise ideias, inspirações e quando tiver certeza vá a luta, rs... 

E seja quem você quer SER!



instagram: @eujaelma


18 novembro 2016

Ingrid Da Matta





O prazer é enorme em apresentar essa careca a vocês, seu nome é Ingrid Da Matta, tem 26 anos, e se mudou a pouco para Portugal para estudar. É do tipo de amiga que incentiva, que quer sempre o nosso bem, e esta disposta sempre a ajudar. Foi muito bom vê essa mudança em você, digo a interna, acompanhei o quanto focou e se dispôs a estar onde está hoje, e a admiro por isso. Sei que a caminhada ainda é longa e não esta sendo fácil, mas acredite, o passo mais importante você já deu, que foi ir... 
Saiba que estou na sua torcida, 
te amo amiga!!! 


RELATO

Acredito que toda mulher algum dia já pensou em ser "careca". Seja por vontade ou por desespero! Quantas de nós já sofreu por causa de "cabelo'? É fato que o cabelo mexe diretamente com a nossa autoestima. É fato que ainda estamos presas a padrões. 

Eu mudo de acordo com a fase da minha vida. Especialmente em viagens. Quando morei nos EUA estava em processo de transição, parei de usar química e deixei meu cabelo crescer natural. Foi o jeito de dizer pro universo que mudei e de que estava aberta para as mudanças. 

Agora me mudei para Portugal, e assim como em 2011 essa mudança foi de dentro para fora! Muitas pessoas não entendem. Muitas pessoas me acham "louca". Mas elas não precisam entender. É o meu caminho. Assim como a 5 anos atrás me tornar careca foi mais uma vez o jeito de dizer: "Ok, Universo! Estou aberta para a minha nova vida!" 

Movimento gera movimento. E para mim, definitivamente uma nova vida exigia um novo cabelo! E eu me ouvi! E fiz exatamente o que queria fazer. Não tive medo. Não me importei (e não me importo) com a opinião das pessoas, pois eu cortei o cabelo para mim! E não para as pessoas.





É incrível o espaço que o blog oferece para compartilhar as nossas experiências não como "carecas", mas sim como mulheres. O "cabelo" ou a falta dele é só um meio. 

Não é moda. Estamos vivendo "a primavera feminista" ou o "pós feminismo" e é por isso que temos a liberdade de fazermos o que quisermos com os nossos cabelos. De saber que mesmo sem cabelo continuamos a ser mulheres, que podemos ter o nosso próprio estilo, que não precisamos "ser femininas" mesmo de cabelo curto se não quisermos. É pessoal. É intrínseco. 

As pessoas precisam respeitar. Não precisam entender. 

O cabelo é uma ferramenta maravilhosa. É uma ferramenta que a natureza nos deu, deve ser usada a nosso favor, para nossa expressão e diversão. O cabelo, assim como as nossas unhas, são as únicas coisas que podemos mudar e voltam a ser exatamente como eram antes. Estamos presas a paradigmas que muitas vezes nem questionamos. 

Você tem medo de que? 
O que se esconde atrás do seu medo de mudar?
Porque ter sempre a mesma imagem, se você já não é a mesma pessoa?
Questione-se. 
Liberte-se.






Raspar os cabelos não tem nada a ver com rebeldia, com desleixo, é bem o contrário. É sobre uma força imensa, sobre liberdade e segurança. A segurança de se amar exatamente como você é, sem molduras, sem amarras, sem proteções, aberta pra vida, despida de paradigmas. É desconstruir e deixar renascer. 

O rosto despido tem a capacidade de nos mostrar sem máscaras ou proteções, prontas para sermos exatamente o que somos. A gente raspa pra se desconstruir e deixa crescer pra renascer. 



Sejamos todas carecas. 
Cada mulher tem seu tempo e seu ritmo. Mas que cada uma de nós possa viver esta expressão de força, reconhecimento, liberdade e renascimento. 
06 novembro 2016

Ensine Amor...



As crianças são os seres mais puros que existem, sem pensar, falam o que sentem vontade e se expressam sempre com clareza e sem uma timidez. Acredito que devemos nos dedicar na educação, pois vivemos num mundo onde cada vez mais a diversidade se expandi, e é de pequenos que devem reconhecer as diferenças e respeitá-las. Meu filho se chama Denzel, ele é negro, tem 1 ano e 8 meses, e é inteligentíssimo. Sempre o estimulei, com conversas, músicas, brincadeiras, desenhos construtivos, e o resultado disso está aparecendo agora, pois ele fala tudo, se expressa bem e se relaciona com todos. No 5o mês de vida dele eu raspei minha cabeça, e sempre tentei fazer com que ele tivesse contato com minha cabeça, passava a mãozinha dele e ele morria de rir. Com o tempo minha cabeça virou pista de carinho, recebo muito beijo e é muito gostoso. Óbvio que ele não entende sobre gênero ainda, mas acredito que quando isso acontecer ele vai saber que a mãe dele é careca, por opção e é feliz por isso.






Já passei por alguns momentos, e vou dividir com vocês...

Estava na casa de umas das vovós (Neide) do Denzel, e ele estava na sala brincando com dois amiguinhos, quando o menor me olhou e disse...

_Vovó por que ELE usa brinco?
Todos na sala se desesperaram e senti o clima de vergonha, não minha, mas delas por mim... E a avó respondeu...
_Me desculpa querida, criança é fogo...
Eu respondi...
_Não precisa se desculpar senhora e me dirigi a ele... 
_ Eu sou menina, sou a mãe do Denzel, a tia não tem cabelo por que não quer mesmo, quer pôr a mão? E ele colocou a mão na minha cabeça e sorriu... E eu disse: 
_ E olha como o brinco da tia é bonito, tcha raaaaaam, e acendi o brinco, Rs. Nooooossa, todos sorriram e ficou tudo bem. ( O brinco maravilhoso era da Dj Tamy que acende).

Da outra vez, estava no trabalho, e entrou uma linda menininha com sua mãe. Ela brincou de correr pela loja inteira, sorriu pra todas e do nada ela se virou e me perguntou...
_Por que seu cabelo é de MENINO?
A mãe quase pulou em cima dela, e me pediu mil desculpas. Disse que não precisava se desculpar, que era só explicar a ela e eu disse...
_A tia pode não ter cabelo sendo menina, não é só os meninos que não tem cabelo. Você já viu algum menino de cabelo? 
E ela respondeu que sim...
_Então, ele continua sendo menino tendo cabelo, assim como a tia continua sendo menina não tendo cabelo. Quer passar a mão? E ganhei aquela gargalhada... 

Até entendo o constrangimento das mães, por não esperarem e serem pegas de supresa, mas vamos educar agora, vamos ensinar aos nossos filhos não se apegarem a aparência, ao externo. Que o que está dentro é o mais importante, que eles podem ser o que quiserem, da forma que quiserem, e serem felizes. 






É de pequeno que se começa, ensine amor...
08 agosto 2016

Adriana Quintiliano



IFÁ - Coleção Verão 2016 - Production: Karisa Ferreira - Ph/Retouch: MAVI
Assistance: João Santana
Make-up: Jaine Pita




Apresento à vocês a Careca nº12, seu nome é Adriana Nunes Quintiliano.
 Com 27 anos, ela é estudante, trabalha com Administração de Web,
 e é de Salvador, Bahia.




RELATO:


A maior parte da minha infância usei o cabelo curto, contra minha vontade. No orfanato onde eu fui criada, as cuidadoras mantinham o mesmo corte para meninas e meninos, porque algumas crianças novatas chegavam com piolhos.  Então para não ter muito trabalho, era mais fácil cortar os cabelos, onde as meninas tinham que  usar acessórios como tiara, presilhas e lenços para serem identificadas.  
Mesmo usando esses acessórios, as brincadeiras, junto com apelidos eram frequentes. Sempre ficava calada, não sabia o que fazer, e essas agressões me acompanharam até quando a direção da instituição mudou e foi assumida pela diretora Iraci Coimbra.  Ela estabeleceu uma ordem, na qual as meninas tinham que ter cabelos grandes, então as cuidadoras começaram a cuidar, eu estava entrando na adolescência.


Só que o meu cabelo é bem crespo, então sugeriram passar produtos químicos. Em uma dessas passadas, fiquei com a substância por muito tempo na cabeça e quando deram conta, o resultado foi assustador, pois começou a cair. E comecei a lembrar de todos os apelidos que recebia quando era criança, sabia que voltariam, e foi dito e feito.


Quando sai do orfanato aos 18 anos, tive meu primeiro contato com a internet. Comecei a pesquisar mulheres negras com diversos penteados afros, e fiquei encantada, logo de primeira, com a cantora Alicia Keys de tranças camaleão longas. Dai em diante comecei a experimentar todos os modelos de tranças, como também o mega hair, bateu lage (quadrado), coloridos e black.
A primeira vez que raspei a cabeça, por vontade própria, foi no ano de 2013, as pessoas me perguntavam “porque você cortou o cabelo”? ’’, outras diziam “há eu prefiro você com cabelo grande”, “deixa crescer e coloca aquelas tranças”. Esses questionamentos não me assustavam, pois coisas piores eu já tinha escutado no passado, mas ai com o tempo deixei o cabelo crescer novamente e comecei a colorir.


Depois usei tranças coloridas, durante um mês. Assim que tirei, conclui um trabalho fotográfico que estava pendente. Logo em seguida fui ao salão onde costumo frequentar e pedi para o Atilas, o cabeleireiro, passar a maquina zero baixa. Já fiz um pouco de tudo com o meu cabelo, hoje tenho orgulho de mim mesma, porque a atitude que não tive quando era criança para enfrentar aqueles apelidos, hoje respondo com minha liberdade e atitude de expressão. Quando estou careca me sinto com uma liberdade profunda que nunca senti antes, não faço parte de padrões estéticos que a sociedade impõe. Costumo andar de bicicleta aqui em Salvador e a sensação mais gostosa é sentir o vento na minha careca. Olha como são as coisas, a primeira vez que raspei a cabeça senti vontade também de fazer a minha primeira tatuagem, e o local onde tem o desenho da capa do disco do cantor Milton Nascimento é na cabeça.



instagram: @dricaquintiliano





05 junho 2016

Além do Querer...


E quando tomar uma atitude vai além do querer...??? 

Temos algumas artistas, brasileiras e estrangeiras, que rasparam suas cabeças, para interpretarem personagens muito marcantes na história da música, tv, teatro e cinema. Imagino o quanto isso pesou na decisão de aceitarem um tipo de caracterização tão radical e que mexe profundamente num dos maiores símbolos de vaidade feminina "o cabelo". Nessa minha introdução quero deixar registrada uma admiração especial por essas mulheres, que tiveram a capacidade de romper essa barreira estética em detrimento ofício da arte. Citarei nesse post algumas, que com atitude, profissionalismo e talento impactaram o mundo. Elas fazem parte de um time que segue arrasando, cada uma em sua área, cada uma com sua trajetória, cada uma com seu relato. 


Confiram...




Glória Menezes na peça "Jornada de um Poema" para qual ela raspou a cabeça; e em foto deste ano



Camila Morgado em cena do filme "Olga" (2004); à direita, a atriz no lançamento da novela "Avenida Brasil"




Carolina Dieckmann na época em que raspou a cabeça para viver a personagem Camila em "Laços de Família" (2000); à direita, a atriz caracterizada como Teodora de "Fina Estampa"




Marina Ruy Barbosa, à esq., em montagem que mostra como ela ficará careca e, à dir., com o famoso cabelão ruivo




Angelina Jolie em fase rebelde mostrou a careca em "The Rolling Stones - Anybody Seen My Baby?"; à direita, a atriz toda glamourosa em janeiro passado




Demi Moore carequinha em 1996; à direita, a atriz de cabelão em outubro do ano passado




Cynthia Nixon, a Miranda de "Sex and the City", raspou a cabeça para fazer papel no teatro neste ano; à direita, a atriz na estreia de filme em 2008




Natalie Portman em "V de Vingança" (2005); à direita, a atriz na pré-estreia de "Cisne Negro" em 2010




A atriz e modelo Amber Rose adota o visual carequinha há vários anos




Assim como a cantora Sinéad O'Connor, que aparece na capa da revista "Rolling Stones" em outubro de 1992 , e continua com o mesmo visual 19 anos depois




A cantora Grace Jones, 63, canta em Zurique (Suíça) em maio do ano passado




Lady Gaga aparece careca em programa de TV; à direita, a cantora se apresenta no festival Lollapalooza, nos EUA, em 2010




01 junho 2016

Jéssica Galante



FOTOS FRESH STUDIO




Apresento à vocês a Careca número 11, seu nome é Jéssica Galante. Com 23 anos, é bailarina e moradora da Vila da Penha, Rio de Janeiro. É careca há maravilhosos 6 meses.



  • RELATO




Me tornei uma pessoa que ama e é adepta a mudanças, levadas por fases da minha vida. Digo isso porque já fui extremamente insegura quando mais nova, me achava o famoso "patinho feio", por ser na infância/adolescência uma das mais gordinhas entre as amigas. Eu não tinha vaidade e muito menos auto estima.









Posso dizer que a dança, sendo hoje meu trabalho, que mudou minha vida. Ajudou a me descobrir e ir me amando aos poucos, vi que existem belezas diferentes que não deixam de ser lindas. Costumam me rotular de "exótica", mas considero que sou só eu mesma com meu próprio estilo.
A partir dos meus 18 anos comecei a me transformar e aderi o cabelo curto, fui seguindo por toda uma transição de cortes, até que me deparei com mulheres maravilhosas, que me inspiravam e eram carecas, como Amber Rose, Jessie J... 








A vontade foi instantânea, logo me vi daquela forma, sabia que era o que eu precisava para ser completa. Então em dezembro de 2015, com a ajuda do meu melhor amigo Diego Mattos, me "libertei". Pra mim foi o marco de mais uma nova fase, a fase do meu maior amor próprio, da aceitação da minha beleza como ela é e a afirmação da minha personalidade, que não dependo de cabelo para ser mulher !
As criticas sempre existirão! Mas se você quer, faça... Siga o seu coração e não dê ouvidos. Vão tentar te pôr pra baixo, te apontar o dedo e dizer que não é o certo, mas afinal qual é o certo?








A minha verdade prevalece, e fico feliz quando me param e admiram a personalidade, e elogiam. 
Quero sempre poder servir de exemplo, dar força e inspiração para mais mulheres lindas, que se amam, que são femininas, orgulhosas, poderosas, que ainda virão.





instagram: @jessicagaalante



24 maio 2016

Mariana Rocha





Apresento à vocês a Careca número 10, seu nome é Mariana Rocha, 
com 26 anos é formada em Técnico em Nutrição e Dietética.
Solteiríssima, mora em Franca, São Paulo.


  • RELATO



Eu sempre adorei mudar, já usei o cabelo de várias formas! Inclusive já raspei uma vez em 2012, mas foi completamente diferente, e na época pedi opinião para várias pessoas. Tive medo de não gostar, e do que as pessoas iam pensar. Comecei fazendo um corte mais curtinho e fui cortando aos poucos até passar a máquina no 3. Mas logo deixei crescer. 
Agora foi diferente, eu estava usando mega e decidi que queria assumir meu cabelo natural e ter um black, tirei o aplique e cortei a parte lisa, e meu cabelo já estava até grandinho. Comecei a ler sobre tipo de crespo, usei vários produtos, segui várias páginas, só que não estava satisfeita, pois percebi que estava entrando em outra ditadura, a dos cachos perfeitos! 
Então em Dezembro de 2015 resolvi raspar.. 
Minha amiga que é cabeleireira, que sempre me ajudava com meu cabelo, não quis nem saber de me ajudar nessa hora, mas me deu uma boa dica... "Como eu sei que você não vai mudar de ideia , vai no Tassiano nosso amigo, ele é homem e não vai ter dó", palavras dela. E assim eu fiz, marquei com ele que é um cabeleireiro masculino, mas que tem a sensibilidade de raspar o meu cabelo e fazer o corte que eu quiser! Desde então não consigo deixar crescer rs...







Ser careca me fez conhecer cada detalhe do meu rosto, assumir quem sou realmente e aumenta ainda mais o meu amor próprio, me sinto confiante e segura. Os olhares de espanto e os comentários indiscretos não me intimidam, pelo contrário, me fortacele cada dia mais. Ser careca é libertador e me faz quebrar vários padrões ao mesmo tempo. 
Me fez ter contato com outras mulheres e meninas carecas, com várias historias e motivos que fortalecem uma a outra...  



Não fazer parte de um padrão faz com que de alguma forma eu sirva de referência para outras meninas, e vejo isso na minha própria casa com a minha irmã. Isso tudo é lindo, é liberdade e desconstrução...!!!