E com muito orgulho, irei citar algumas inspirações que, independente do tempo em que viveram, ousaram e brilharam com suas carecas. E para começar, escolhi Ela, que até hoje encanta e esbanja atitude, sendo fiel a sua careca...
PINAH!!!
Matéria EGO
Ela nunca foi rainha de bateria, passista, mas é famosa até hoje por uma alcunha que no mundo do carnaval pertence somente a ela: a de Cinderela Negra que encantou o príncipe. Trata-se de Pinah Maria Ferreira Ayoub - idade não revelada, ela não conta -, que nos idos de 1978 sambou com o príncipe Charles durante uma visita do herdeiro real britânico ao Brasil.
“Lembro que eu e outras meninas brincavam para saber quem seria a cinderela da noite. Não esperávamos que ele fosse sambar com a gente. Tinha tanto protocolo, não podia chegar a tantos metros do príncipe. Daí, quando surgiu aquele homenzinho dançando Charleston, nem achei que fosse ele. Achei que fosse o chefe da segurança. Só fui saber que era ele no dia seguinte, quando minha mãe me acordou perguntando o que eu tinha aprontado porque tinha um bando de repórter do mundo inteiro na porta dela”, lembra, rindo.
De lá pra cá, a figura negra e majestosa trocou o Rio de Janeiro por São Paulo, casou, teve uma filha e abriu uma loja de artigos carnavalescos, a Palácio das Plumas. Apesar da distância, ela diz que nunca deixou de desfilar. Sempre na Beija-Flor de Nilópolis, a quem credita tudo de bom que aconteceu em sua vida.
Careca é marca registrada
”Acho que conhecer o príncipe e ficar famosa foi determinação de Deus. Acho que estava escrito que seria assim”, diz Pinah que, até estar na hora certa, e no lugar certo, nasceu em Minas Gerais, veio para o Rio de Janeiro com 10 anos, começou a trabalhar como modelo e entrou no mundo do samba graças aos concursos de fantasia.
“Na década de 70, 80 os concursos de fantasia eram famosos, e o Luis Carlos Ribeiro, um estilista famoso da época, sempre me chamava para desfilar as peças dele nos concursos do Teatro Municipal e do Hotel Glória. Um dia, ele tinha uma fantasia que se chamava a escrava de Xangô e perguntou se eu tinha coragem de raspar a cabeça para combinar mais com a peça. Coragem eu não tinha, mas fui lá e raspei. Virou uma marca”, diz ela, lembrando a origem de sua famosa careca, mantida até hoje.
O visual exótico, o rebolado abusado, tudo isso encantou o príncipe Charles, mas nunca alçou Pinah ao posto de rainha de bateria – cargo tão almejado nos dias de hoje.
“Rainha de bateria é uma coisa que nunca quis ser. Sempre fui destaque e acho que minha escola sempre foi muito bem representada pela rainha da minha época, que era a Sônia Capeta, e continua sendo com a de agora, a Raíssa Oliveira”, diz ela, ainda colhendo louros por ser a Cinderela Negra. No ano passado, ela foi convidada para um jantar para conhecer o Príncipe Harry, herdeiro de Charles.
Encontro com o Príncipe Charles
“Ele veio ao Brasil e, em um discurso, falou que não conhecia muito do Brasil, mas sabia que o pai já tinha vindo aqui e sambado com uma bela passista, a Pinah da Beija-Flor. Aí me convidaram para conhecê-lo em um jantar em São Paulo. Fui lá, conversei com ele, mas achei que ele não é muito de protocolo, não”, conta ela, orgulhosa mesmo de ser Pinah – nome de batismo e de origem senegalesa - e de poder divulgar o nome do Brasil de alguma forma.
Já como destaque da Beija-Flor, e careca...
Pinah, Ela ainda desfila pela Beija-Flor...
“Até hoje o povo quer saber dessa história, né? Fico feliz porque isso ajuda a divulgar uma imagem positiva do país”, diz.
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