Apresento a vocês a Careca nº 6, seu nome é Angélica Magalhães, estudante de Direito, e moradora do bairro de Jacarei, São Paulo.
Eu sempre tive pouco cabelo, encaracolado e fino.
Quando criança o usava sempre preso, ganhava alguns elogios raros à textura dele, o que para uma criança é essencial. Na adolescência, comecei o processo de alisamento, doloroso, mas que me fazia uma garota aceitável para o publico e para meu próprio espelho.
Tive relacionamentos amorosos dolorosos, e então conheci uma pessoa que fez eu me aceitar desde o primeiro encontro. Elogiava-me o tempo todo. Assumi então o crespo, seguido de um sidecut (corte de cabelo raspado do lado).
Comecei então a me amar, conheci a militância, e logo me cansei da cobrança em cima de cabelos impecáveis. Via muitas meninas recebendo elogios referente aos seus cabelos volumosos e de cachos perfeitos.
Um dia, encorajada pelo meu cunhado, cheguei a máquina 3, e me vi uma nova mulher. Em seguida passei a 2, logo a 1, e finalmente a 0... E foi o momento que me senti a mulher mais linda e poderosa do mundo, assim como todas nós.
Eu construi minha autoestima através do medo da aceitação. Hoje, olho-me no espelho e vejo uma mulher linda e segura, ando na rua e olham pra mim com um ar de curiosidade que eu amo. Sofri uma opressão e agressão por ser mulher careca. Gente que nunca elogiou meu cabelo enorme e crespo me repreendendo em ser careca. Sinceramente eu não me importo. Eu sou linda, sou segura e sou careca.
Agradeço à todas as mulheres maravilhosas que estão comigo na luta para quebrar esses padrões, que infelizmente ainda existem.
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